O Mistifório²
Porque escrever -pra mim- é necessidade, alívio. Não aspiração.
sábado, 26 de outubro de 2019
Fragmentos
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
Eu só queria escrever para você, Elisama.
domingo, 11 de agosto de 2019
Centelha
sábado, 31 de março de 2018
Soul
Sei que agi certo em sair de cima desse muro, mas a queda lá de cima ainda dói em meus frágeis ossos. Do lado de cá, apesar da dor, tá tudo bem. Ainda tem muita coisa a ser arrumada, conversada e concordada, mas estamos indo bem.
É chato esse muro entre nós. Ouço sua voz e seus passos desse lado daí, mas já não reconheço mais o que é voce, o que pode ser os outros. Seu cheiro ainda dorme em mim, mas sabemos que memórias passam, minha raposa.
Sei que tudo vai passar, eventualmente. Estaremos então mais maduros para lidar com tudo. Mas por enquanto, guarde uma canção em sua garganta rouca. Guarde um acorde em seus dedos já tão destreinados. Pense em mim quando ouvir aquela canção boba sobre o medo. Guarde um sonho bom para nós dois.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
Náufrago
Antes de tudo éramos certeza. Hoje somos sombra de dúvida, desconhecidos como náufragos bebendo água do mar e tendo ilusões que juram ser verdadeiras. Éramos imagem real, agora, meros reflexos em um espelho trincado por algum objeto atirado. Caleidoscópios de nós mesmos, destituídos de sentido e razão.
Onde antes pensava plantar amor, hoje colho mentiras, dia após dia, em uma cadência melancólica e fúnebre. Seus olhos cor de mar me riem, mas é meu coração que insiste em chorar. Chora pela possibilidade que insistimos em desperdiçar, pelos outros com quem tropeçamos pelo caminho, que desviam nossa atenção e por tantas outras antes de mim que talvez façam bem mais sentido em seu mundo inventado.
E eu, em cima dessa pedra fico, contemplando sua embarcação, que já segue ao longe. Espremendo meus olhos eu até consigo enxergar, nublado e já quase irreconhecível, seu rosto.
Você está sorrindo?
sábado, 30 de dezembro de 2017
Raposa.
Nunca poderei te tocar, sem que a face das águas se desmanchem criando um enorme borrão cristalino. Não te abraçarei como faço em meus sonhos, pois, diferente do jovem Narciso, sei dos riscos de se jogar em meio ao vazio pelágico. Mas esse reflexo é tão meu que a necessidade de tanger se torna desnecessária e muitas vezes sem sentido. Nós não fazemos sentido. Não há qualquer razão plausível que explique nosso encontro ou esse elo imediato. Gosto de nos imaginar pedaços de uma mesma alma, quebrada no infinito muito antes de se fazer matéria. E que nos encontramos, mas nunca seremos por inteiro, já que somos feitos de cosmos, matéria eterna e pura arte. Somos reflexo. Somos o inacabado, esperando que um final chegue para nós, eventualmente.
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Estrangeiro
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
Forgotten
Pra ser bem sincera, nem lembro mais seu nome. Até seu rosto e feições hoje me são tão estranhos quanto eram nos segundos que antecederam nosso encontro. Hoje, revirando minhas gavetas mentais, me deparei com seu cheiro, que a essa altura já nem sei mais se era mesmo seu ou da areia em que nos sentamos a observar o mar. Te encontrar aqui dentro me causou um feliz vazio. Uma certeza de que nos conhecemos apenas para isso: para sentirmos uma ponta mágica do que são feitos os contos de fadas, mas com a sensação agridoce que tem os dramas em que o mocinho morre no final. Era pra ser aquele único nascer do Sol em seus braços. Era pra ser a cumplicidade instantânea que brotou entre nós. As risadas e as canções que cantamos um para o outro. Eram pra ser. O sentimento. O cheiro. O Sol. Hoje nem lembro mais o seu nome. Fomos um ponto de esperança no vazio iminente chamado esquecimento.
sexta-feira, 19 de maio de 2017
271.
A repressão do amor ilumina os fenômenos dele com muito mais clareza que a mesma experiência. Há virgindades de grande entendimento. Agir compensa mas confunde. Possuir é ser possuído, e portanto perder-se. Só a ideia atinge, sem se estragar, o conhecimento da verdade.
Fernando Pessoa in Livro do Desassossego
quarta-feira, 7 de dezembro de 2016
Escrever/ler nem sempre é compreender.
* "Um homem de entendimento é tudo"